terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Memórias de Leitura

 
Borboleteando
Quando criança ouvia várias histórias que minha mãe contava, mas as inventadas por meu avô materno eram as de fato de pura diversão e lembradas com detalhes. Lendas como mula-sem-cabeça e outras me faziam viajar como se tudo fosse real, ao ponto de ao término da narrativa questioná-lo se era mesmo verdade.
Meus pais têm apenas o primeiro grau, mas sempre fizeram de tudo para que as três filhas fossem além do que eles foram capazes de atingir nos estudos.
O contato inicial com a leitura e a escrita foi mágico no jardim de infância; a lancheira que tanto dava prazer de carregar e dentro o suco que ganhava um sabor diferente, a cartilha que eu amava manusear, as histórias que a professora contava e tudo mais que havia na escola tinha um tom e magia que me faziam querer voltar todos os dias. As atividades enchiam de gozo e logo o final do dia chegava e já era hora de retornar ao lar.
Logo começou a fase do ter que começar a aprender a escrever, e houve fases boas, mas algumas ruins. Recordo-me até hoje de minha mãe brigando para que eu puxasse a tal “perninha” do (O) e do (A).
Quando estava nas séries iniciais mais alguns episódios ficaram marcados, alguns engraçados, outros nem tanto. De 1ª a 4ª séries tive uma professora que marcou a minha vida positivamente, Dona Enaurea, professora doce, carinhosa, paciente e muito bonita. As outras foram passagens na minha vida escolar, como Dona Marlene que ditava um texto enquanto andava pela sala e de repente deu uma pausa na minha mesa e questionou por que eu estava escrevendo vírgula, ponto, ponto final. A sala inteira riu. Só aí eu descobri que os sinais de pontuação eram para ser colocados e não escritos ortograficamente. Dona Penha, a diretora da escola, chamou minha mãe na escola para comunicar que eu que era bagunceira, malcriada, respondona, abusada. Tomei ainda mais bronca dela. Mas não havia pior que Dona Glaucia, esta puxou meus cabelos na frente de todos os colegas porque eu falava demais durante a aula. Eu era bem agitada. Não conseguia parar quieta e nada na escola conseguia me atingir. Lembro-me bem que as aulas eram bem tradicionais.
No segundo grau optei por cursar o magistério, mas somente as aulas práticas com a confecção de materiais e leituras dinâmicas me atraiam, enquanto as metódicas faziam-me dispersar facilmente. Ler e dramatizar eram minha paixão.
Na faculdade apaixonei- me por alguns professores e matérias e odiei outros; algo comum na vida. Lembro-me com muito gosto da apresentação do livro “Suor” de Jorge Amado, na aula da professora Beatriz Fraga, fazendo um paralelo com a obra “O Cortiço” do Realismo brasileiro. Falar desta obra toda caracterizada, foi marcante e então descobri que ler tinha que ter prazer, sentido, desejo. Além de ter tido nesta fase uma professora que realmente amava a “literatura”, o meu grupo de estudo também era criativo, mais íntimo da leitura que eu e contribuiu muito para o meu crescimento enquanto leitora. A partir daí nem eu, nem minha sala de aula foi a mesma.
Professora Cursista Dauciane.
Memorial de leitura 2
Meu nome é Eliete Machado dos Santos. Nasci em Minas Gerais ES, estudei, durante toda a educação básica, em escolas públicas e cursei o ensino superior na Universidade de São Camilo ES em Cachoeiro de Itapemirim. Sempre gostei muito de estudar, meus professores e colegas diziam que sou organizada, dedicada e responsável. Eu considero-me uma profissional forjada pela leitura, pela escrita, em longas tardes e noites de muito trabalho.
Aprender, para mim, não é uma atividade vinculada apenas à educação formal. Sempre estudei fora da escola, sempre busquei outros espaços onde pudesse aprender a partir de domínios que não limitassem ao cognitivo. Por isso, para mim, teatro é escola, galerias de arte são escolas, espetáculos são escolas, parques ecológicos são escolas, culturalmente falando até viagens são escolas.
Gostar de estudar, ser responsável com a minha aprendizagem acabou me levando ao Magistério. Foi um grande desafio encontrar a Inesquecível e determinada Professora (Luciléia Célia Belisário) de Didática da Língua Portuguesa, Didática da Matemática, da Filosofia e Sociologia. Refiro-me a estimada educadora que não precisava de nenhum livro para ensinar. Lá encontrei os estudos sobre as crianças, sobre a própria aprendizagem, sobre a profissão docente. Essa foi uma época muito boa em minha vida e gratificante, de crescimento pessoal e profissional, ainda que hoje reconheça que parte dessa formação foi voltada para métodos e recursos didáticos, caracterizando o enfoque tecnicista do currículo da época.
Iniciei minha vida profissional, em 1993, numa Escola Pública Estadual de Ensino Fundamental “Mata Fria”. É óbvio que sem ainda um Ensino Superior encontrei grandes desafios na mesma, pois inicialmente ministrei aulas de “Artes” e “Ciências”. Lembro-me de meu querido e estimado Professor Afonso Pinto que ensinava-me para depois eu passar o conteúdo aprendido. Período este bem marcante em minha vida. Lembro-me que inicialmente o Estado atrasava o pagamento mais ou menos três meses .
Logo pensei que tinha apenas dezessete anos e não tinha experiência, então fiz o vestibular na Faculdade de São Camilo e passei no Curso de Pedagogia, isso porque meus pais queriam que eu continuasse os meus estudos. Mas não consegui adaptar-me com a viagem, então desisti, larguei tudo. Passado alguns anos, logo veio o arrependimento, casei e então resolvi voltar atrás e realizar outro vestibular e passei dessa vez com o apóio de meu marido (Armando Garbelotto)  realizei o Curso de Letras/ Literatura em 2002 à 2005 .
No decorrer desse tempo ministrei aulas de Língua Portuguesa em 2003 entrando como substituta por seis meses na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professora” Aldy soares Merçon Vargas”. Já em 2004 ministrei aulas também de Língua Portuguesa na Escola Estadual de Ensino Fundamental “Elisa Paiva” nas séries de 5ª à 8ª séries. E finalizando em 2006 retornei à Escola estadual de Ensino Fundamental e Médio Profª Aldy Soares Merçon Vargas, tive a experiência também de trabalhar com outras áreas como Filosofia e Sociologia para o EJA e o Ensino Regular.De 2006 à 2011 sou Professora DT na Rede Municipal de Ensino.
O ano que mais me marcou a minha vida foi em 2005. Pois não consegui aulas, mas resolvi ser amiga da Escola Elisa Paiva e descobri nesse mesmo ano que fiquei na Biblioteca lendo e sugerindo diversas leituras para os alunos .
Outros livros que já li: toda a obra de Monteiro Lobato, Dom Quixote, Os Sertões, de Vidas Secas, Cinco Minutos, Lucíola, Iracema, Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, o Sofá Estampada, o Primeiro Beijo, o Alienista, Inocência, Diva, Açúcar Amargo, Aventura do Império do Sol, Deu a Louca no Tempo, O despertar da águia, A águia e a galinha, A casa da madrinha, Festa de crianças, Enquanto estamos crescendo, A equipe do olho aberto, O mistério da casa verde, etc. A Literatura é um caminho de fruição, de magia, exploram possibilidades expressionais, algo inusitado, é arte, enfim, é algo mais livre, mais forte, e, por que não dizer, de mais belo de tudo o que se pode fazer com a língua.
Costumo fazer com que a leitura faça parte da minha vida na escola e fora dela, seja uma leitura de jornal, seja de revista, ou livro, ou uma visão cinematográfica.
Leio a Revista nova Escola e acho interessantíssima, pois, tem muitos projetos interdisciplinares que auxiliam as nossas práticas educacionais. Também leio a Revista de Língua portuguesa, em que há várias sugestões de Pesquisa e Trabalhos, assuntos diretamente ligados à Língua, dentre eles mencionarei: dicas para comunicar com mais eficiência, técnica de ensinar gramática; semântica, sintaxe, técnica narrativa, lingüística, linguagem, morfologia, jargão, etimologia, audiovisual, interpretação, classes de palavras, entrevista, plano de aula, frases interessantíssimas referentes a diversos autores literários, pensadores, lógicas. Etc.
Leio também bastante a revista mundo jovem, pois compartilho com meus colegas da área para ampliar práticas de leitura que sejam mais diversificadas para ampliar o gosto pela formação de leitora. E também diversos livros literários infanto-juvenil, artigos da internet, resenha, outros livros paradidáticos.
Somente atuando em sala de aula e fazendo cursos de aperfeiçoamento é que entrei em contato com questões como o papel social da escola, e a responsabilidade do educador na formação crítica dos cidadãos. Fui dinamizadora das séries finais do Ensino Fundamental, quando pude colocar em prática muito do que tinha visto na minha formação. Dinamizar, também, oportunizou-me o trabalho com as diferentes linguagens.
Foi na Faculdade que verdadeiramente despertou em mim a vontade e necessidade de realizar todos os tipos de leituras possíveis até as entrelinhas. Lá aprendi a realizar leitura crítica, para despertar o gosto de produzir as famosas avaliações. Pense tudo que fosse fazer, era por meio de produções textuais. Lembro-me da famosa e inesquecível Educadora Édna Valory um pouco melodramática, mas uma Professora “dez, pois além de ensinar o conteúdo ela passava também alguns ensinamentos para a vida.
Por tudo isso ao novo educador compete refazer a educação, reinventá-la, criar as condições objetivas para que uma educação realmente democrática seja possível, criar uma alternativa pedagógica que favoreça o aparecimento de um novo tipo de pessoas, solidárias, preocupadas em superar o individualismo criado pela exploração do trabalho.
Esse novo projeto, essa nova alternativa, não poderá ser elaborado nos gabinetes dos tecnoburocratas da educação. Não virá em forma de lei nem reforma. Se ela for possível amanhã é somente porque, hoje, ela está sendo pensada pelos educadores que se reeducam juntos. Essa reeducação dos educadores já começou. Ela é possível e necessária.
Professora Cursista ELIETE MACHADO DOS SANTOS

Memorial de leitura 3
Minha vida de leitora iniciou desde quando era muito pequena. Eu residia no interior, em um sítio. Lá moravam meus pais e minha avó, ela gostava muito de contar histórias advindas de seus conhecimentos prévios, não lia nada, somente lembrava, ia falando e envolvendo quem estava ao seu redor. Suas histórias eram compostas de animais, natureza, aventura e muita magia. Na época não tinha condições para comprar livros, mas isso não impedia o contato com eles, pois ganhava-nos de pessoas conhecidas.

Antes mesmo de entrar para a escola, vivia envolta por livros, não lia palavras, mas lia imagens e brincava que ia ser professora. Vê-se que essa experiência fez com que eu gostasse desde cedo de estudar, ou seja, da leitura. As brincadeiras que eu e minhas irmãs fazíamos, na maioria das vezes, eram voltadas para o mundo das palavras.

Antes de iniciar os estudos ficava imaginando como seria a escola, o contato com os alunos e com os professores. Quando isso aconteceu tive sucesso nas séries iniciais do Ensino Fundamental, já nas séries finais tive um pouco mais de dificuldade devido à falta de acompanhamento de meus pais em relação ao estudo, afinal eles não tinham tempo para acompanhar o meu andamento e das minhas irmãs na escola e em casa, devido ao trabalho, mas mesmo assim faziam o esforço que podiam, sempre nos incentivando a estudar e seguir um futuro profissional com os conhecimentos adquiridos nos bancos escolares.

Ao estudar no Ensino Médio não fui muito incentivada pelos professores quanto a leitura, só que eu lia do meu jeito, o que estava no meu alcance, embora não entendesse algumas passagens que lia. No Ensino Médio, tinha uma professora de Língua Portuguesa que incentivava os alunos a embrenhar no mundo da leitura, ela sempre sugeria que pegássemos livros na biblioteca para lermos e também cobrava em suas aulas. A leitura daquela época era um pouco mecânica, mas era o jeito que achavam que era correto. Não víamos incentivo à leitura tanto quanto temos hoje.

Quando decidi cursar faculdade não sabia que curso escolher, o que fez com que eu decidisse por Letras foi o contato com minha professora de Língua Portuguesa do Ensino Médio, pois era uma pessoa que demonstrava que lia e gostava de estudar, então, me espelhei naquele comportamento.

Comecei a cursar Letras, de início fiquei um pouco perdida, também por falta de tempo para estudar, mas sempre gostava de estar naquele recinto da faculdade, em contato com pessoas com experiências diferentes e que acrescentava muito para mim. Com o passar do tempo na faculdade fui aprendendo a gostar da leitura e ver uma nova forma de incentivar os alunos nesse mundo mágico. Nesse ambiente os professores nos davam dicas, cada um do seu jeito, de como devemos ler e passar para nossos alunos. Também sugeriam obras literárias para lermos. Aprendi a entender um livro, o que esta por trás de uma mera história, ou seja, de um poema, de uma crônica, de um conto...Dessa época em diante tive o hábito de comprar livros e formar uma biblioteca.

A partir daí não parei mais, e vejo que tenho muito que aprender, quanto mais leio vejo que tenho muito ainda a descobrir. Ao ler viajo pelo mundo que o autor relata e aprendo sem sair de casa.

Quando fiz minha primeira pós-graduação, também aprimorei o meu contato com os livros e com a leitura, pois sempre há uma nova visão que os professores nos ensinam sobre a leitura e nos dão sugestões de livros. Já na segunda pós, continuei a aprender algo que não conhecia, pois estudei assuntos que não eram da minha área de formação, e isso foi bom, pois tive que aprimorar minha visão por um assunto que não conhecia que é a Educação Profissional e Tecnológica.

Agora curso outra faculdade que é Licenciatura em Informática, estou descobrindo novas literaturas e mudando minha visão sobre assuntos que eu achava que dominava. Portanto, percebo que o incentivo que tive desde criança referente à leitura ficou embrenhado em minha memória e isso faz com que eu sempre busque obter conhecimento.
Professora Cursista Rosimere F. Barboza

Memorial de leitura 4
Neste exato momento sigo para relatar com minhas palavras o meu memorial.
Me chamo Mayrerrose,sou casada,tenho um filho lindo que se chama Felipe de 04 anos..Desde criança curto a ideia de ser professora,pois quando eu tinha 08 anos de idade me lembro que todas as tardes os meus dois alunos surdos-mudos chamados Amiltom e André, chegavam para estudar na garagem de minha casa.O quadro eram pedaços de tábua que ficavam erguidos sobre dois caixotes,os gizes eram pedaços de carvão ou quando me lembrava pegava escondido da professora.Também me lembro de quando pegava livros da Branca de neve e os sete anões,Cinderela,A Bela Adormecida,entre outros ficava viajando nas imagens e me imaginando naquelas imagens tão lindas.
Tive também outros privilégios.Em todo o mês de maio havia coroação de nossa senhora e eu era sempre a que coroava.As pessoas gostavam e me elogiavam.Também pude ter o prazer de ser dama dos casamentos quatorze vezes,minha mãe sempre fazia um vestido diferente para cada cerimônia e eu,adorava acompanhar os noivos  depois do casamento,as pessoas falavam que eu parecia com uma bonequinha por causa dos meus cabelos encaracolados.Na escola eu era muito dedicada com os meus estudos, pois meus colegas aprontavam todas,e eu sempre quieta,observando a bagunça e toda a falta de atenção dos próprios.Minha professora da primeira série Alzira Alves Passabão me marcou muito com aqueles cartazes do alfabeto que ela pendurava pela sala de aula.Meus pais sempre me proporcionaram o estudo porque eles queriam me ver bem no futuro.Terminei o ensino fundamental na escola perto da casa de meus pais.Depois fui cursar o ensino médio em Castelo.Estudava magisterio de manhã e administração à noite.Morava na casa de minha tia.
Consegui vencer mais essa barreira e fui prestar vestibular na FACULDADE DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS DE ALEGRE.Ia todas as noites,sendo que foram quatro anos de faculdade completos. Me senti verdadeiramente realizada no dia quatorze de dezembro do ano de dois mil me formando em professora de língua portuguesa.Graças a todos os meus esforços consegui meu primeiro emprego no ano seguinte e desde então venho me esforçando cada vez mais para fazer junto com os meus alunos uma educação de qualidade.Sei que não é fácil,pois as barreiras são grandes.Apesar de todos os momentos de sacrifício procuro sempre resgatar a esperança em cada um de meus alunos, fazendo que consigam pensar em seu futuro de forma respeitosa e com bastante sinceridade em seus ideais.Tenho muito orgulho quando quando encontro um ex aluno que esteja bem sucedido na vida e que meu esforço e minha dedicação o ajudou a ser alguém importante diante de uma sociedade tão cheia de crimes e violências.Enfim.Tenho muito orgulho em ser professora e poder ajudar a cada rostinho a ser e a pensar em sí próprio de um jeito tão especial com carinho.
 Professora Cursista Mayrerrose


Memorial de leitura 5
Memorial de leitura de Scynthia Padovani Bernabé
Eu, se tratando de outras pessoas, fui para a escola mais tarde, aos sete anos, quando minha mãe me mandou para a casa da minha avó para que eu pudesse estudar.
Minha avó me levava à missa aos domingos e foi aí que leitura entrou na minha vida. Olhava aqueles leitores que liam de uma forma tão serena as leituras bíblicas  que as palavras soavam como música para mim que ouvia atentamente e no meu pensamento a ideia de fazer o mesmo se tornava mais atraente a cada leitura.
Já na escola, durante o ensino fundamental, não tive muito incentivo, inclusive passava longe da biblioteca só para eu não ter o compromisso de entrar. Porém, no ensino médio a coisa muda de figura, com toda a pressão do vestibular os livros mais clássicos tomavam conta das minhas provas, e eu detestava. No auge da minha adolescência não queria ler a história de uma família do sertão que tinha uma cachorrinha chamada Baleia. Eram, na maioria das vezes, leituras cansativas e naquele tempo não entendia os pormenores da obra e de seus autores que criticavam uma sociedade tão diferente da minha.
Sonhava em fazer uma faculdade, mas ainda não tinha como. Terminei o ensino médio e iniciei um cursinho pré-vestibular no ano seguinte. Minha cidade não tinha oferta universitária, então fiquei sem estudar nos dois anos seguintes e em 2004 prestei vestibular chegou o momento, a oportunidade. A aprovação no vestibular foi uma euforia total, empolgada, entusiasmada e disposta a renunciar quatro anos consecutivos sem férias, ingressei na faculdade e nessa luta me fiz presente.
    Cada etapa desses momentos foi marcada pela vivência com um quadro de excelentes professores, de várias universidades do Brasil, não era um quadro fixo e por isso essa possibilidade. Esses professores, mestres, doutores, dividiram conosco as dúvidas, ansiedades e, cada um do seu jeito deixou sua marca e contribuição para que a formação fosse a melhor possível.
Com a vivência acadêmica, surge uma maneira diferente de ver o ler e escrever. Antes mais na superfície, após, com uma visão muito além do explícito, também aquilo que está subentendido nas entrelinhas... (o não dito). Por exemplo, ver televisão significa hoje para mim, comparar as diferentes visões de cada emissora para um determinado assunto.      Contudo, considero-me ainda descobrindo as primícias da leitura, hoje eu entendo que a leitura liberta e vivemos uma constante batalha entre a caneta e a palavra. A leitura nos proporciona sentimentos únicos de alfa.
Sendo assim mergulho sem medo nas Literaturas, na magia dos contos e na fundamentação dos grandes autores.


Memorial de leitura 6
Escrever um memorial de leitura é relembrar- me de vários momentos marcantes em minha vida.

Filha de pais pobres, mas com uma determinação muito grande; meu pai sabia ler e escrever o suficiente para aquela época, já minha mãe, não sabia ler, conhecia apenas algumas letras, mas não conseguia organizá- las para formar palavras, também nunca foi à escola.

Na infância morávamos numa casa muito simples, com muitas flores no fundo do quintal, do outro lado havia uma pocilga que mamãe cuidava com muito carinho, os porcos eram alimentados com banana verde, inhame e abóbora madura e que era tudo cozido num caldeirão de ferro, ficava ali observando minha mãe trabalhar e sempre eu carregava nas mãos um papel de embrulho, um toco de lápis e uma cartilha rasgada, lia a minha maneira para os porcos, parecia que eles me entendiam; posso afirmar que aprendi a ler praticamente sozinha porque via meu irmão mais velho lendo, sempre fui muito curiosa. Aos sete anos de idade, freqüentava o grupo escolar, era então assim chamado, só que estudava como ouvinte porque naquela época só com oito anos era permitido estudar, foi então que aprendi muitas outras matérias e no final do ano letivo deixaram- me fazer a prova final, lembro- me da minha euforia ao tirar média 98,0, mas em razão da idade, tive que repetir novamente a primeira série. Estudei muito, depois, fui para Castelo fazer o ginasial, concluí a 5ª série, iniciei a6ª, mas como havia me tornado como uma escrava na casa onde me hospedavam, meus rendimentos escolares não iam bem, então pedi a papai que me trouxesse de volta para Conceição; esbarramos com dificuldade de não ter a 6ª série aqui, apenas funcionava a 5ª série, para não ficar parada, resolvi voltar para a 5ª. Daí em diante passei a ler tudo que me era proporcionado, trabalhava num armazém como catadora de café, ganhava meu dinheiro com muita dificuldade, parte dele dava para ajudar nas despesas de casa, a outra parte investia em fotonovelas que lia e relia várias vezes até poder comprar outras, fechava a porta do quarto para mamãe não brigar comigo, depois escondia- as debaixo do colchão. Depois de um certo tempo comecei comprar livros clássicos, que adquiria- os de Penha Venturim através de reembolso postal, lia tudo, mas não me esqueço de um livro que amava; “A Dama das Camélias” e tantos outros como Beleza Negra, O Príncipe e o Mendigo,Meu Pé de Laranja Lima, O Menino do Dedo Verde, etc.

No Ensino Médio, lia muito Castro Alves, decorava quase todas as poesias e as declamava para a turma em razão do professor de Literatura exigir que pelo menos duas vezes por semana falássemos poesias. Nesse período também fazia palavras cruzadas, adorava quebrar a cabeça para descobrir palavras sinônimas. Sempre que havia uma grávida na família, era eu que as acompanhava nos hospitais, até que as crianças não nasciam, eu devorava todas as cruzadinhas.

Na adolescência veio a febre dos gibis, comprava muitas revistas e assim que as lia, trocava com outros colegas para conhecer aquelas adoráveis histórias em quadrinhos que eram chamadas de livro de bolso.
Meu processo de leitura foi movido por um sentimento de paixão e amor pelas letras, hoje continuo lendo tudo que me faz crescer como ser humano; assim como a música é um alimento para o espírito, a leitura é um alimento para a minha alma.

Ler para mim, é superar todos os obstáculos.

Professora Cursista Cenir Herpit

Memorial de leitura 7
Eu era ainda bem pequena, tinha 5 anos  e meu pai me preparava  para a 1ª eucaristia. Lembro-me que para fazê-la deveria saber o catecismo de cor bem como  todas as orações. Tudo isto eu sabia com menos de 6 anos pois fiz a 1ª comunhão 5 dias antes de completar 6 anos.
Esta dedicação do meu pai com certeza já me preparava para o mundo da leitura. Minha primeira professora chamava-se Lindanor  e com ela estudei o 1º ano A e B.  Em 1957 comecei a ler  e me lembro vagamente de frases da “cartilha”, como se dizia no passado:  “Ivo vê a uva.”, “ Vovó vê o ovo.” Lia isto decorado, os pais tinham que ensinar aos filhos até falarem de cor. Quando  eu consegui ler, meu pai, que era comerciante de secos e molhados e assinava o jornal O Globo, me mandava ler para que os fregueses vissem. Fazia de mim seu troféu.
Onde morávamos era uma pequena vila com cinco ou seis casinhas  que ficava à beira da estrada de terra. Por  ali passavam o ônibus que faziam a linha São Mateus - Vitória. O comércio de meu pai  era ponto de ônibus, posto de gasolina, dormitório, restaurante e até padaria.
Ele era uma referência  na comunidade, recebia  em casa professores que não tinham como ir e voltar e moravam com a gente, padres se hospedavam também em nossa casa,  até os políticos, não raro, faziam ali seu pouso.  E, aí,  neste mundo bem diversificado, comecei a ler.
Aos 8 ou 9 anos ganhei um livro de literatura, fininho: “BOMBOM” era o seu título, muito lindo. Amei o livrinho, mas do que mais gostei foi da sua capa que tinha um veadinho lindo. Nosso livro de estudo era um só, se não me falha a memória, se chamava “Tesouro da  Juventude”.
Dentro do jornal que o papai assinava, semanalmente, vinha   “O  Jornal Feminino”  e este minha mãe lia e eu  também. Ainda no “primário”, como eram chamados os primeiros anos do ensino fundamental, eu participei de algumas peças teatrais na escola  e decorava-as com extrema facilidade.
Opa!  Lembrei-me da eleição para presidente de 1960 cujos candidatos eram Jânio Quadros, Ademar de Barros e Lott.  Não sei se saiu no jornal  ou onde foi, mas me lembro que li uma charge sobre Lott . Ele estava sentado em um vaso sanitário, puxava a cordinha da descarga e dizia : “Adeus povo ingrato”. Rio até hoje e me recordo bem que foi motivo de muita gozação na época. Eu tinha 10 anos, fazia o 5º ano de admissão.
Na adolescência ganhei alguns livros que me orientaram sobre as questões relacionadas à Menarca, aos cuidados que deveria ter como mocinha, sobre a gravidez e outros. Não me lembro qual foi a minha interação com eles. O que gravei bem foi a história da vida de Santa Albertina, adolescentes que , segundo um dos livros, preferiu morrer a se entregar a seu carrasco.
Aos treze anos fui estudar em um colégio religioso,   em Campos dos Goitacazes,  Rio de Janeiro. Até aí  eu não conhecia a bíblia. Durante os cinco anos que ali estudei, havia sempre alguma leitura  antes das refeições. Ficávamos todos em silêncio por uns quinze minutos, ouvindo uma leitura bíblica, a vida de um santo  ou de uma personalidade que viveu  sentimentos humanitários.
Foi quando  tive acesso  aos romances de José de Alencar. Dele li O tronco do Ipê, Iracema, O sertanejo. Conheci Machado de Assis lendo Memórias Póstumas de Brás Cubas e Helena, de Graciliano Ramos  li Vidas Secas, de José Lins do Rego não me lembro o título. Li  alguns livros de outros autores como “O príncipe e o Mendigo”, “A pequena Mignon”, iniciei o livro Robinson Crusoé e li “O pequeno Príncipe”. Neste colégio  havia uma vasta biblioteca e eu gostava de ler as enciclopédias Delta Larousse, Barsa, Tesouro da Juventude. Sentia curiosidade de saber do que falavam.
Quando eu estava na 3ª série ginasial, se iniciaram  os estudos de texto e eu e minha prima Diomedes fomos alunas-referências neste início.  Éramos como cobaias, observavam como nos comportávamos ao realizarmos nossas leituras e interpretações. Faço aqui um registro. Eu tinha bastante  dificuldade de reproduzir algo que eu lesse, oralmente. Atribuo isto ao alto grau de timidez que me atormentava. Com o passar do tempo e o trabalho contínuo de nossos professores – nossas notas eram 50% conceitual e 50% atitudinal – cobravam controle emocional, capacidade de síntese, criatividade, originalidade, etc;-  consegui superá-la. Fui privilegiada no meu período de ginásio. Terminei-o em Campos. Neste período tive acesso a belos poemas como  “O realejo” de Suely Mesquita, ” O pau de cebo” de Martins d`Alvarez,  “Deus” e “Canção do Exílio” de Casimiro de Abreu, “ A tempestade” de Gonçalves Dias, “Navio Negreiro” de Castro Alves e muitos outros.
Em 1967, iniciei o Curso Normal em Vitória, Espírito Santo, no Colégio do Carmo das Irmãs Vicentinas. Neste período as minhas leituras foram os livros didáticos e muita fotonovela. Já estava namorando  com o meu marido e era só fantasia.  Li muitas fotonovelas na Capricho, Grande Hotel.  Inclusive, foi assim que tive os primeiros contatos com os clássicos da Literatura Universal. Alguns foram publicados pela revista Grande Hotel e era em preto e branco. Encantaram-me Romeu e Julieta, A dama das Camélias, Anna Karenina, Tristão e Isolda entre outros.
A primeira parte do 2º ano Normal fiz em Belo Horizonte, num colégio de freiras.  Na ocasião, tive que fazer provas de adaptação, pois como aluna da Escola Normal no Espírito santo, não havia estudado a História de Minas Gerais e nem Psicologia da Infância que, em meu estado, seria disciplina do 2º ano. Lá  eles a havia visto no 1º ano. Em decorrência disto, fiz várias leituras em preparação a  prova de Psicologia. Como fiquei em Minas apenas um semestre, não houve tempo para a realização da outra prova.
Voltei para Vitória e me matriculei na Escola Normal Dom Pedro II  e  nesta escola  terminei o curso normal. Quando fazia o 2º ano, conheci um poema de Vinicius de Moraes, “O poeta e a lua” , maravilhoso.    Foi publicado em um jornal, não me lembro qual, quando da chegada do homem à Lua. Coloco-o anexo. Comprei também, nesta época, uma coleção de Educação sexual e tenho-a até hoje  a qual me foi de grande valia sobre tudo que se referia a esta questão que, desde muito cedo, passei a encarar com bastante naturalidade, o que para a maioria das pessoas era um assunto tabu.
 Terminei o Curso Normal no ano de 1970, nem participei de minha colação de grau e fui logo para junto de meus pais que moravam ainda em Jaguaré, distrito de São Mateus. No ano seguinte  já comecei a dar aula. Tinha apenas 20 anos e logo me confiaram 2 turmas: uma 1ª e uma 3ª série. Desde então nunca mais deixei de lecionar e minhas leituras, durante, aproximadamente, seis anos se restringiram ao preparo de minhas aulas, ainda algumas fotonovelas e gibis de espionagem. Neste período conseguimos construir um pequeno cômodo para funcionar como biblioteca na Escola de 1º Grau de Jaguaré, já que os livros ficavam entulhados em caixas, impossibilitando a sua leitura pelos alunos.
Em 1976 fiz o vestibular para cursar Letras – Português /Inglês. Para fazê-lo, juntamo-nos, eu e algumas amigas e estudamos alguns poucos dias. Passei e assim recomecei minhas leituras de uma forma mais consistente. Durante os quatro anos da Faculdade tive oportunidade de conhecer vários autores entre eles Charles Dickens, Edgar Allan Poe, Shakespeare, Camões, Padre Antônio Vieira, Fernando Sabino, Júlio Ribeiro. Foram anos de muito esforço e sacrifício. Já tinha meu primeiro filho com dois anos e tive no início do terceiro ano a minha filha Brunella.   Fizemos vários trabalhos de literatura  e para realizá-los muitas leituras foram feitas. Devíamos ler uma obra literária  indicada pela professora, em ordem de escola literária. Eu estava de licença-gestação e quando voltei a professora pediu que eu lesse “Ana Terra”,um recorte de “O vento levou “de Érico Veríssimo e o apresentasse aos meus colegas. Tenho este livro até hoje. Lembro-me de uns livros em português arcaico que tivemos de ler para fazer um trabalho sobre “A projeção de Os Lusíadas no mundo”. Que desafio! Durante o 3º ano de faculdade li “Demian”, “Sidarta” e  “O lobo da estepe” de Herman Hesse onde ele coloca a trajetória do homem da adolescência à idade adulta. Estas leituras foram feitas como exigência na disciplina de alemão.
O ano de 1978 era ano eleitoral e acontecia nesta oportunidade, bem mais que hoje, a destituição de funcionários em benefício de outros mais interessantes ou menos escrupulosos que o anterior, politicamente falando. Eu havia dirigido a escola enquanto Maria Amélia Gasparini se preparava para ser melhor diretora: fazia um curso de Administração Escolar. Ao retornar, ficou apenas um mês e foi, então, exonerada. No lugar foi colocada Janete Barbosa Bragato, colega de trabalho e era de corrente política contrária. Foi um Deus nos acuda. Rejeitamos a indicada com todas as forças.  Como se sabe, nunca os inimigos dão ponto sem nó, não houve tempo hábil para o retorno de Maria Amélia. No período eleitoral não se exonera nem se admite nenhum funcionário três meses antes e três meses depois das eleições. Neste período lemos a Lei 5.692/71 e muitas outras, tentando buscar respaldo para nossas ações que, como disse, foram em vão. Eu estava grávida de minha filha Brunella e ela, com certeza sofreu conseqüências de toda a revolta que experimentei na ocasião.
Em 1981, no Concurso de Remoção, consegui me remover para Venda Nova, minha terra natal e aqui começou uma outra etapa bem mais provida de leituras que a anterior. Cheguei para trabalhar em um espaço em que eu era totalmente desconhecida. Sabiam que meu pai era o senhor Nicolau Falchetto  mas eu vinha de fora, uma estranha no ninho. Sentindo-me assim, tive que estudar muito  para me sentir segura no meu novo trabalho  e assim, de vagarinho,  fui mostrando o que sabia fazer e me fazendo respeitar. Quando aqui cheguei a diretora do Liberal era Doracy Maria Pizzol D´Àvilla. Era uma indicação de políticos de Conceição de Castelo. A comunidade escolar solicitou ao prefeito, que na época era Nicolau Falchetto, que fizesse a sua substituição por uma professora, com formação em Pedagogia, que morava em Venda Nova, chamada Maria Filomena Muciaccia Almeida. O prefeito fez uma reunião com os pais  que foi registrada em ata e que convalidou o pedido e Filomena assumiu a direção. A escola funcionava precariamente no prédio que atualmente funciona o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Venda Nova do Imigrante. Como a sede definitiva já estava em fase de conclusão, não demoramos a nos mudarmos para o prédio atual da escola.
Por que citei tudo isto?  A partir de então se iniciou um período de muito estudo, de muitas leituras pois eram limitados os nossos conhecimentos sobre como trabalhar,por exemplo, a produção de textos com nossos alunos. Lembro-me de certa vez em que pedimos a Filomena que procurasse para nós orientações pedagógicas de como ensinar “composição”, como chamávamos na época.  Ela não media esforços e nós crescíamos  juntos. Fizemos um tempo depois, oportunizado pela prefeitura de Conceição Do Castelo, através da Secretaria Municipal de Educação de Conceição de Castelo, um curso justamente sobre como ensinar a escrever, a criar, a ler. O palestrante, do qual agora não me recordo o nome, no último dia do curso, apresentou um cartaz escrito em espanhol feito em  Cuba que dizia :“Nós não dizemos ao povo creia, nós dizemos ao povo leia.” E era ilustrado com pessoas, cada um em seu trabalho, com um livro na mão em atitude de leitura. Essa imagem,  tenho-a em minha mente e se tornou um slogan para mim. Eu, que já me havia constituído como leitora,  decido levar outros ao mundo da leitura. Organizei com os meus alunos um cantinho para que eles pudessem pegar livros para ler, pois estavam todos em caixas o que impossibilitava o seu manuseio. Esta biblioteca foi feita aproveitando a sala de Orientação Educacional que estava vaga e cheia de entulhos.
Participei do estudo e redação do Estatuto do Funcionário Público do Estado do Espírito Santo, em etapas, quando nos deslocávamos para Cachoeiro do  Itapemirim, Linhares ou Vitória para fazer a redação final que, posteriormente, seria analisada por juristas para adequar os termos a cada item: artigo, alínea, parágrafo,etc. Foram estudos e leituras de grande crescimento para mim.
Durante os anos que se seguiram, muitas leituras outras foram sendo feitas, principalmente de literatura infantil, usando-as como motivação no sentido de levar os meus alunos ao hábito da  leitura. Algumas são: “A fada que tinha ideias”,” O menino marrom”, “Além do rio”, “A bolsa amarela”, “Na corda bamba”, “O caçador de estrelas”, “O menino maluquinho”, “Sonhar é possível”,” O ursinho com música na barriga”, “AS aventuras do avião vermelho”,  livros de Monteiro Lobato, de Ruth Rocha, de Cecília Meireles e tantos outros.  Adquiri uma coleção sobre a Máfia e outra sobre a Segunda Guerra Mundial  mas, nunca consegui terminar de ler um desses livros, nunca os levei a sério.  Tenho outras coleções das  quais não li sequer um livro.
Em 91 voltei a estudar, fazendo uma pós-graduação em Planejamento Educacional. Neste ano fiz as leituras específicas do curso e muitas outras em preparação para a redação da monografia que foi feita em dupla: eu e Maria Filomena Muciaccia Almeida. Nós duas lemos muito para fazer este trabalho. Lemos vários livros de Emília Ferreiro sobre alfabetização, de Paulo Freire lemos “A importância do ato de ler”, “Educação com prática da liberdade”, ”A pedagogia do oprimido”, “Uma escola para o povo” de Maria Tereza Nidelcoff e tantos outros. Foi um período de grande enriquecimento para mim. Cresci como pessoa e como profissional.  Terminei esta pós  e em 1992 resolvi trabalhar com alfabetização adotando a linha construtivista. Como já disse em minha biografia, foi um divisor de águas na minha prática pedagógica.  Para me dar segurança nessa nova empreitada da minha vida li Piaget, Vigotysky,  Esther Pillar Grossi e tantos outros.  Posso dizer que o resultado do meu trabalho foi pleno, graças às leituras que realizei.
Em 93 fui eleita diretora. Agora as leituras se tornam mais diversificadas. Além de leituras para auxiliar as professoras nas questões pedagógicas, devia ler para me situar como administradora. Li  as diversas leis que se deve conhecer no que diz  respeito a vida escolar dos alunos, estudei sobre a gestão democrática, sobre os conselhos de escola. Todas estas leituras me forneceram respaldo para fazer uma administração respeitada. Dentre as minhas ações, uma que considero de grande relevância foi a organização da biblioteca. Catalogamos todos os livros, organizamo-los por assuntos e colocamos uma das funcionárias do pessoal de apoio para  controlar o empréstimo e a devolução dos livros. Criamos um prêmio para o aluno leitor  o que deu grande resultado. Os alunos liam muito,faziam teatro a partir dos livros lidos, criavam outras histórias, tudo isso graças à excelente equipe de professores que comungava com os mesmos objetivos: oportunizar aos nossos alunos o acesso ao conhecimento. Foram três anos de muito trabalho e de muito crescimento  porque éramos um corpo forte.
Ao final do ano de 1995 me aposentei  mas não tive coragem de parar. Ensinar era o que eu sabia fazer e achava que ainda podia contribuir.  Continuei trabalhando, dando aula para a 2ª série  e para  a Suplência Fase II. Volto a ler muito para adequar o meu trabalho a alunos adultos que têm outras motivações para o estudo. Segundo a Psicologia do Adulto, ele só assimila o que lhe é útil. Deve-se ter outra postura mediante esta realidade. Estou trabalhando assim e satisfeita quando sou convidada a trabalhar com o Projeto Aceleração da Aprendizagem, projeto esse da Fundação Ayrton Senna. Sinto-me desfiada  e me dedico inteira ao projeto: leio, participo de treinamentos, estudo, conheço RPG que considero um excelente incentivo à leitura. Minha filha caçula está agora com 13 anos e o meu trabalho era à noite com a Aceleração e ela reclama minha atenção. Diante disso abandono o projeto e decido parar de ensinar. Minha leituras agora são a Veja, Super Interessante que agora eu posso assinar pois a minha renda é um pouco maior: eu também faço roupas sob medida.
Não fiquei nem um ano sem trabalhar. Fui convidada logo em Março para fazer uma pós-graduação em Educação a Distância pela Universidade Federal do Mato Grosso. Minha trégua acadêmica chegava ao fim. Porque eu fui professora de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental por muito tempo, Solimar me viu com experiência suficiente para ser candidata a tutora no curso a distância de Pedagogia que seria ministrado no Centro Regional  de Educação  a Distância  de Venda Nova do Imigrante para professoras que atuavam nas séries iniciais. Recomeçava então novo circuito de leituras e não foram poucas. Ler é outra vez nosso alimento .
Fiz a pós em um ano e meio e como conclusão apresentei o projeto de pesquisa cujo título foi “O perfil do Aluno de Educação a Distância do Centro Regional de Educação a Distância de Venda Nova do Imigrante-ES”. Neste período li sobre a EAD no mundo, sua origem, sua aplicação, sua importância. Com Oreste Presti aprendi métodos de estudo, de pesquisa, ampliei meus conhecimentos dentro das várias correntes filosóficas.  Concluída a pós, fiquei um período de  dois ou três meses, não sou segura e então comecei a trabalhar como Orientadora Acadêmica no CREAD de Venda Nova do Imigrante com alunas do Curso de Pedagogia – Séries Iniciais  da 2ª entrada.
 Durante este trabalho quem mais aprendeu fui eu. Fiz muito interessantes leituras no que se refere a Antropologia, aos conceitos de Diversidade Cultural, Etnocentrismo, Eurocentrismo, Distanciamento e Estranhamentos entre os seres humanos. BOAS me fez ver que o conhecimento não tem uma única origem. Em várias partes do mundo, o homem em suas necessidades, busca superá-las e isto o leva a encontrar o que procura para facilitar sua vida. Exemplo claro disso são os vários tipos de casas nas mais diferentes regiões do planeta.
Em Filosofia, conheci os grandes filósofos dos quais apenas ouvia falar o nome mas,  que não conhecia seus pensamentos, o percurso de suas vidas e descobertas.  Para mim, as leituras em Filosofia me fizeram entender que o saber não tem limites. Cada um deve buscá-lo ininterrupta e indefinidamente. O que eu descubro pode ser verdade até que alguém venha e o conteste ou a ele acrescente algo. Isto é o que dizia KANT em sua trilogia TESE, ANTÍTESE, SÍNTESE. As Três vias do conhecimento que nos fazem entender como o homem é modificado pelo conhecimento e como  o mesmo é modificado pelo homem. A via da interação é a  mais aceita hoje porém, não se descarta por completo as demais, tendo em vista que as duas primeiras é que levaram à terceira. Neste momento eu li “O mundo de Sofia” de Jostein Gaarder ,livro fascinante que apresenta a busca do conhecimento  de maneira muito particular.
A Sociologia já tinha sido objeto de meus estudos no curso Normal. No trabalho com adultos e com a maturidade de anos de experiência, pude absorver e entender de maneira mais clara as idéias de sociólogos como Dürkheim, Karl Marx, Weber e perceber que a sociedade se modifica pela própria sociedade, isto é, pelos seus membros, através das interações, pelos motivos dessas interações. A ousadia deste ou daquele elemento, ao quebrar paradigmas,  abre precedente para que outros  se enveredem pelo mesmo caminho se os interesses lhes são comuns.
Vieram os fascículos de  Psicologia, minha velha conhecida, digo velha porque meu desejo inicial era de fazer graduação em Psicologia, era um sonho desde os tempos de adolescente, o que não foi possível pois este curso só era ministrado em São João Del Rei  e meu pai não tinha condições de me bancar estudando em faculdade particular. Para não abandonar de vez a Psicologia, me tornei professora. Mas, falemos das leituras que fiz. Foram muitas e  extremamente fecundas, conheci outros  tantos teóricos como Bandura, Watson, o pai da propaganda. Mas os estudos que mais me encantaram foram de Piaget,  suas pesquisas, sua observação cuidadosa dos próprios filhos, suas descobertas sobre as correlações cerebrais que o indivíduo faz na construção de um conceito novo. É maravilhoso. Amei conhecer mais a fundo Vigotysky, sua contribuição à teoria do conhecimento, acrescentando à teoria de Piaget a questão cultural e o papel da linguagem na construção do conhecimento. Outro assunto muito interessante da teoria dele foi as Zonas de Desenvolvimento Proximal, Real e Potencial. Qualquer educador deveria usá-las em sua prática. A interação entre alunos mais velhos e os mais novos desencadeia  o desenvolvimento Proximal, levando-o a se tornar real, uma vez que cada indivíduo tem um desenvolvimento potencial a ser alcançado. Ao conhecer Gardner e sua teoria das inteligências múltiplas vi explicadas tantas situações que em minha prática de sala de aula não conseguia entender: alunos com tudo para serem bons alunos não evoluíam como se esperava. Tínhamos aqueles conhecimentos sobre o QI, quociente intelectual que só valorizava a inteligência lógico-matemática,  desconsiderando todas as demais.  Goleman acrescenta aos estudos de Gardner a inteligência Emocional  e isto , a meu ver, foi uma senhora descoberta. Quantos alunos se sentem bloqueados por questões de ordem emocional  o que os impede de ter a independência necessária para realizarem as conexões mentais  indispensáveis à construção do seu conhecimento! É sem dúvida uma descoberta muito interessante.
Muitas outras leituras realizamos durante os estudos de LINGUAGEM, Matemática, Ciências, História e Geografia.  Em cada disciplina que se iniciava, tantas eram as situações de conflito, tantos eram os conhecimentos revistos, desconstruídos, reconstruídos  que só instigava a nossa sede de conhecer. Nesta oportunidade li “A bolsa Amarela”  de Lígia Bojunga Teles, “ A criança e o número” de Constance Kamii , além de todos os fascículos específicos da disciplina. Neste período tive também o privilégio de conhecer os novos estudos sobre “Letramento”, revi a teoria de Emília Ferreiro, que se baseou nas descobertas de Piaget, e  enumerou os passos que uma criança percorre até dominar o código alfabético.  Para mim foi gratificante, pois já havia posto em prática sua teoria em 1996, quando adotei a teoria construtivista na alfabetização. Estudamos a matemática construída e aplicada nas situações concretas. Em CIÊNCIA caminhamos pela botânica, zoologia, física, química,pela área dos experimentos, pesquisamos os vários inventores. Como foram apaixonantes as descobertas relacionando geografia e história. O espaço geográfico se modifica através da ação humana que se processa através dos tempos que é HISTÓRIA.
Durante todo este tempo, quanto ler e reler os trabalhos dos alunos, quanto propor, sugerir, ajudar a refazer. Crescia o aluno e crescíamos nós. Foi um rico e fértil aprendizado.
Para acompanharmos os trabalhos finais, por disciplinas, devíamos dominar as normas da ABNT. Para tanto esta era outra leitura obrigatória e que deveria ser sempre atualizada, pois a s normas se adéquam de 2 em 2 anos. Hoje eu teria que estudá-las todas pois já se alteraram muito.
Terminado este trabalho, entro em um período de leituras pessoais.  “O evangelho de Maria Madalena”, “Arqueologia de Madalena” de Maria Madalena, O  Código da Vinci” de Dan Brown, “O dia do Coringa”de Jostein Gaader, “O caçador de Pipas”de Khaled Hosseini, “Três metros sobre os céus”  de Federico Moccia, “Cândido Portinari” de  Marcos Moreira,” L`arte Dell`Ozio” de Hesse, “O carteiro e o Poeta’ de Pablo Neruda, , “Non ho paura” de Niccolo Ammaniti,” Degli Alpi agli Appennini”  não me recordo o autor. O último livro que li foi “A Conspiração Franciscana “ de John Sack, terminei-o domingo.
Assinei durante muitos anos a revista VEJA, por um período menor as revistas ÉPOCA, SUPER INTERESSANTE, MANEQUIM, NOSSO AMIGUINHO.  Atualmente assino “A Tribuna” aos sábados e domingos. Leio também notícias através da internet.
Hoje passo por uma intensa fase de leituras pois faço o GESTAR- LÍNGUA PROTUGUESA. Como professora de línguas já tenho muito a ler e este curso intensificou minhas leituras o que tem me dado muitas oportunidades de reflexão sobre a língua em si  e sobre o meu fazer pedagógico.
Considero-me uma boa leitora. Sou uma pessoa curiosa, as leituras que mais me agradam são as que apresentam mudanças tecnológicas, avanços na medicina. As  pesquisas,  em quaisquer áreas,  me atraem.
Este memorial foi encerrado aos 2 dias do mês de novembro de 2011, às 20horas e 40 minutos.
Professora Cursista Maria Tereza Falchetto Bazoni




Nenhum comentário:

Postar um comentário